Embrapa Monitoramento por Satélite


RESULTADOS



9.1 VERIFICAÇÃO DA PRECISÃO ESPACIAL DOS DADOS DE QUEIMADAS

De um total de 47 imagens de satélite, necessárias para cobrir integralmente o território do Estado do Mato Grosso, foram selecionados dois conjuntos de imagens, de datas diferentes, representativos da totalidade do Estado, com a finalidade de desenvolver a análise estatística da precisão dos pontos de queimadas em anos distintos. Em função da disponibilidade de imagens georreferenciadas do satélite Landsat, encontradas nos acervos da Embrapa Monitoramento por satélite e no site da Universidade de Maryland <ftp://ftp.glcf.umiacs.umd.edu/glcf/Landsat/>, o primeiro conjunto foi elaborado exclusivamente com imagens do ano de 1999 e foi constituído por um total de 47 imagens. O segundo conjunto de imagens, constituído por um total de 21 imagens, foi elaborado com imagens referentes ao biênio 2000, 2001 (Figura 25).



Figura 25: Conjuntos de imagens Landsat, utilizados no ano de 1999 e no biênio 2000/2001.


Para um universo amostral de 2899 queimadas, correspondentes ao mosaico de 1999, e para a obtenção de um nível de confiança de 95% e um intervalo de confiança de 5%, estatisticamente seria necessária a constituição de uma amostra com 339 pontos de queimadas, segundo cálculo do pacote sample size calculator <http://www.surveysystem.com/sscalc.htm#ssneeded>. Seguindo uma estratégia adotada para facilitar a seleção e visualização individual dos pontos amostrados, em função dos processos inerentes ao SIG utilizado, foram efetuadas 315 amostras, o que elevou o intervalo de confiança para 5,21%.

No caso do mosaico do biênio 2000/2001, considerando um total de 716 pontos de queimadas, correspondentes às imagens selecionadas, a obtenção de um nível de confiança de 95% e um intervalo de confiança de 5%, seria alcançada através de uma amostra contendo 250 pontos de queimadas, segundo o mesmo pacote estatístico. Adotando a mesma estratégia anterior, foram efetuadas 246 amostras, elevando o intervalo de confiança para 5,06%.

Os resultados da validação dos pontos de queimadas para os dois mosaicos elaborados estão sintetizados na Tabela 7.


Tabela 7: Avaliação de precisão dos pontos de queimadas.

amostra 315 pontos (1999)

amostra 246 pontos (2000/2001)

raio (Km)

corretos

% acerto

%erro

corretos

% acerto

%erro

1,5

202

64,1

35,9

150

61

39

3

263

83,5

16,5

194

78,9

21,1

6

301

95,6

4,4

226

91,9

8,1

alg.

14

 

4,4

20

 

8,1


Considerando que o intervalo de confiança adotado foi de aproximadamente 5%, pode-se assumir que não houve uma diferença significativa entre os resultados da avaliação de precisão nos dois períodos e que, ao adotar o círculo de raio de 3km, obtém-se 95% de certeza de estar trabalhando com um dado de queimada com uma precisão aproximada de 80%.

Existem duas origens possíveis para o erro de identificação e localização, encontrado nos dados de queimadas. O primeiro tipo de erro tem sua origem associada à curvatura da superfície terrestre e se baseia no fato de o sensor NOAA/AVHRR imagear uma faixa, extremamente larga, de aproximadamente 2400km. Essa característica do sensor faz com que os pixels localizados nas bordas das imagens correspondam a superfícies mais extensas. Quanto mais próximo do centro da imagem do satélite (nadir), mais próximo das dimensões de 1,1km por 1,1km e por outro lado, quanto mais distante do centro da imagem, maiores são as dimensões da superfície imageada.

O segundo tipo de erro está relacionado a problemas do algoritmo de classificação de imagens, desenvolvido para identificação dos pontos de calor. Esse seria o principal fator responsável pelos 20% de erros constatados.

Portanto, ao assumir-se o círculo de 3km de raio, considera-se uma dimensão intermediária do pixel, entre aquela de 1,1km por 1,1km, quando localizado a nadir, e a dimensão dos pixels das bordas que, segundo Alberto Setzer7, coordenador do projeto Queimadas/INPE, podem apresentar medidas superiores a 5km.

Do ponto de vista estritamente cartogáfico, se considerar-se que a precisão exigida para a escala 1:500.000 é de 250m (Robinson et al., 1995, p.247) e que, aproximadamente, 80% dos focos de calor identificados pelo INPE ocorreram dentro de um raio de 3km das coordenadas fornecidas, poderíamos concluir que os dados de queimadas não são compatíveis com a abordagem elaborada.

Contudo, ao considerar-se o fato de que a coordenada fornecida é uma referência espacial, pontual, de uma superfície (pixel) que pode medir mais de 10km2, o erro encontrado acaba restringindo-se à própria superfície média do pixel do NOAA/AVHRR e, portanto, torna-se aceitável.


7 Comunicação pessoal do autor (06 de março de 2003).


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