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ANÁLISE ESPACIAL



9.4.4 Vegetação e Uso das Terras-1999

A simples observação da distribuição das freqüências de incidência de queimadas no ano de 1999, sobre as classes de vegetação e uso das terras (Tabela 15), indica que as queimadas ocorreram de forma mais incisiva sobre as áreas de floresta, depois sobre as áreas de cerrado, áreas de transição, de pecuária mecanizada etc.


Tabela 15: Distribuição das queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras.

Classe Temática

%_qmd1995

%_qmd1996

%_qmd1997

%_qmd1998

%_qmd1999

%_qmd2000

%_qmd2001

%_qmd2002

%_qmd2003

floresta

26,49

32,06

30,96

30,92

31,24

31,95

30,75

34,78

34,79

cerrado

29,94

21,54

25,26

27,26

26,02

25,89

28,28

25,84

26,17

transição

9,26

15,27

15,05

13,68

15,39

16,76

18,18

19,67

22,29

reflorestamento

0,04

0,04

0,07

0,01

0,03

0,06

0,04

0,03

0,04

agricultura mecanizada

7,91

4,04

4,47

3,62

3,61

4,31

4,25

2,53

2,38

pecuária mecanizada

17,02

17,94

15,23

15,34

14,05

12,69

12,07

10,45

9,53

pecuária pantanal.

0,05

0,32

0,27

0,15

0,53

0,27

0,56

0,35

0,04

agropec. convencional

6,87

7,11

6,97

7,13

7,57

6,39

4,22

4,75

3,54

outros

2,33

1,59

1,64

1,81

1,44

1,62

1,56

1,52

1,15

urbano

0,09

0,09

0,08

0,06

0,11

0,07

0,09

0,06

0,07

total

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00

100,00


Essa avaliação da distribuição de freqüências de queimadas sobre as classes de vegetação e uso das terras não está equivocada, mas a informação adicional, derivada do teste X2 de aderência, permitiu uma investigação mais criteriosa sobre a dinâmica de ocorrência das queimadas e possibilitou uma interpretação mais complexa relacionada à importância dos desvios observados em cada classe temática na totalidade da série histórica.

Como resultado imediato da análise do teste de X2 foram estruturadas nove tabelas (Tabela 16, Tabela 17, Tabela 18, Tabela 19, Tabela 20, Tabela 21, Tabela 22, Tabela 23 e Tabela 24), contendo as dez classes temáticas definidas pelo mapa de vegetação e uso das terras e as respectivas porcentagens de área de cada classe, bem como as freqüências de queimadas esperadas e obtidas. Essas tabelas serviram de subsídio para o cálculo do teste de X2 de aderência, que definiu a aleatoriedade ou não de cada uma das classes temáticas e da variável.

A análise da tabela de distribuição dos valores de X2 (Stevenson, 1981, p. 463) serviu de base para a avaliação dos valores obtidos. Para o caso das classes de vegetação e uso das terras, considerando 9 graus de liberdade e valores significativos a 0,5%, o valor da soma dos X2 obtidos deveria ser inferior a 23,6, para a distribuição ser considerada aleatória.

O teste de aderência indicou quanto o valor obtido diferiu em relação ao valor esperado, mas como esses valores foram sempre positivos, resultado da fórmula aplicada, ele não expressou o "sentido" do desvio. Para agregar essa informação na análise, foi estabelecida a inclusão do sinal (+) nos valores de X2 nos quais a freqüência observada de queimadas foi superior à esperada e o sinal (-) nos valores de X2 nos quais a freqüência observada foi inferior à esperada. Logicamente, essa convenção não foi considerada na somatória dos X2 para verificação da aleatoriedade de queimadas em relação ao mapa temático.


Tabela 16: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 1995.

Classe Temática

%_area

%_qmd 1995

Freq.Esp.1995

Freq.Obt.1995

X2

floresta

31,60

26,49

15085

12646

-

394,35

cerrado

31,32

29,94

14953

14293

-

29,13

transição

11,77

9,26

5619

4423

-

254,56

reflorestamento

0,07

0,04

35

20

-

6,68

agricultura mecanizada

4,65

7,91

2219

3774

+

1090,20

pecuária mecanizada

14,28

17,02

6817

8123

+

250,29

pecuária pantanal.

0,47

0,05

225

25

-

177,40

agropecuária convencional

3,46

6,87

1650

3280

+

1609,17

outros

2,28

2,33

1088

1113

+

0,56

urbano

0,10

0,09

49

43

-

0,72

total

100,00

100,00

47740

47740

3813,08


Tabela 17: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 1996.

Classe Temática

%_area

%_qmd 1996

Freq.Esp.1996

Freq.Obt.1996

X2

floresta

31,60

32,06

3864

3921

+

0,83

cerrado

31,32

21,54

3831

2634

-

373,81

transição

11,77

15,27

1439

1868

+

127,58

reflorestamento

0,07

0,04

9

5

-

1,82

agricultura mecanizada

4,65

4,04

568

494

-

9,74

pecuária mecanizada

14,28

17,94

1746

2194

+

114,77

pecuária pantanal

0,47

0,32

58

39

-

5,98

agropecuária convencional

3,46

7,11

423

870

+

473,05

outros

2,28

1,59

279

194

-

25,79

urbano

0,10

0,09

13

11

-

0,19

total

100,00

100,00

12230

12230

1133,53


Tabela 18: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 1997.

Classe Temática

%_area

%_qmd 1997

Freq.Esp.1997

Freq.Obt.1997

X2

floresta

31,60

30,96

5782

5665

-

2,39

cerrado

31,32

25,26

5732

4622

-

214,90

transição

11,77

15,05

2154

2755

+

167,75

reflorestamento

0,07

0,07

14

13

-

0,02

agricultura mecanizada

4,65

4,47

850

818

-

1,24

pecuária mecanizada

14,28

15,23

2613

2788

+

11,71

pecuária pantanal

0,47

0,27

86

50

-

15,14

agropecuária convencional

3,46

6,97

633

1275

+

652,27

outros

2,28

1,64

417

300

-

32,90

urbano

0,10

0,08

19

14

-

1,20

total

100,00

100,00

18300

18300

1099,53


Tabela 19: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 1998.

Classe Temática

%_area

%_qmd 1998

Freq.Esp.1998

Freq.Obt.1998

X2

floresta

31,60

30,92

10889

10656

-

4,99

cerrado

31,32

27,26

10794

9395

-

181,26

transição

11,77

13,68

4056

4714

+

106,73

reflorestamento

0,07

0,01

26

4

-

18,16

agricultura mecanizada

4,65

3,62

1602

1249

-

77,62

pecuária mecanizada

14,28

15,34

4921

5287

+

27,27

pecuária pantanal

0,47

0,15

162

52

-

74,82

agropecuária convencional

3,46

7,13

1191

2457

+

1344,72

outros

2,28

1,81

786

625

-

32,81

urbano

0,10

0,06

35

22

-

5,02

total

100,00

100,00

34461

34461

1873,40


Tabela 20: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 1999.

Classe Temática

%_area

%_qmd 1999

Freq.Esp.1999

Freq.Obt.1999

X2

floresta

31,60

31,24

13674

13519

-

1,75

cerrado

31,32

26,02

13554

11259

-

388,54

transição

11,77

15,39

5093

6658

+

480,75

reflorestamento

0,07

0,03

32

15

-

9,08

agricultura mecanizada

4,65

3,61

2011

1564

-

99,41

pecuária mecanizada

14,28

14,05

6179

6078

-

1,65

pecuária pantanal

0,47

0,53

204

230

+

3,42

agropecuária convencional

3,46

7,57

1496

3277

+

2120,53

outros

2,28

1,44

986

624

-

133,16

urbano

0,10

0,11

44

49

+

0,49

total

100,00

100,00

43273

43273

3238,77


Tabela 21: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 2000.

Classe Temática

%_area

%_qmd 2000

Freq.Esp.2000

Freq.Obt.2000

X2

floresta

31,60

31,95

7748

7835

+

0,97

cerrado

31,32

25,89

7680

6348

-

231,14

transição

11,77

16,76

2886

4110

+

519,00

reflorestamento

0,07

0,06

18

14

-

0,96

agricultura mecanizada

4,65

4,31

1140

1057

-

5,99

pecuária mecanizada

14,28

12,69

3501

3112

-

43,30

pecuária pantanal

0,47

0,27

115

66

-

21,13

agropecuária convencional

3,46

6,39

848

1566

+

608,69

outros

2,28

1,62

559

397

-

46,93

urbano

0,10

0,07

25

16

-

3,32

total

100,00

100,00

24521

24521

1481,42


Tabela 22: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 2001.

Classe Temática

%_area

%_qmd 2001

Freq.Esp.2001

Freq.Obt.2001

X2

floresta

31,60

30,75

9899

9634

-

7,08

cerrado

31,32

28,28

9812

8859

-

92,59

transição

11,77

18,18

3687

5696

+

1094,43

reflorestamento

0,07

0,04

23

14

-

3,66

agricultura mecanizada

4,65

4,25

1456

1330

-

10,89

pecuária mecanizada

14,28

12,07

4473

3782

-

106,80

pecuária pantanal

0,47

0,56

147

174

+

4,80

agropecuária convencional

3,46

4,22

1083

1321

+

52,32

outros

2,28

1,56

714

490

-

70,33

urbano

0,10

0,09

32

27

-

0,81

total

100,00

100,00

31327

31327

1443,71


Tabela 23: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 2002.

Classe Temática

%_area

%_qmd 2002

Freq.Esp.2002

Freq.Obt.2002

X2

floresta

31,60

34,78

17221

18957

+

174,99

cerrado

31,32

25,84

17070

14085

-

522,08

transição

11,77

19,67

6415

10720

+

2889,67

reflorestamento

0,07

0,03

40

18

-

12,41

agricultura mecanizada

4,65

2,53

2533

1379

-

525,68

pecuária mecanizada

14,28

10,45

7782

5695

-

559,72

pecuária pantanal

0,47

0,35

256

191

-

16,69

agropecuária convencional

3,46

4,75

1884

2590

+

264,51

outros

2,28

1,52

1242

831

-

136,20

urbano

0,10

0,06

56

34

-

8,55

total

100,00

100,00

54500

54500

5110,51


Tabela 24: Distribuição das freqüências de queimadas entre as classes de vegetação e uso das terras em 2003.

Classe Temática

%_area

%_qmd 2003

Freq.Esp.2003

Freq.Obt.2003

X2

floresta

31,60

34,79

16249

17891

+

165,91

cerrado

31,32

26,17

16107

13459

-

435,29

transição

11,77

22,29

6053

11461

+

4832,80

reflorestamento

0,07

0,04

38

20

-

8,60

agricultura mecanizada

4,65

2,38

2390

1225

-

567,84

pecuária mecanizada

14,28

9,53

7343

4902

-

811,36

pecuária pantanal

0,47

0,04

242

21

-

201,78

agropecuária convencional

3,46

3,54

1778

1818

+

0,91

outros

2,28

1,15

1172

590

-

289,19

urbano

0,10

0,07

53

37

-

4,67

total

100,00

100,00

51424

51424

7318,34

 

Analisando todos os resultados da sobreposição dos pontos da série histórica dos dados de queimadas, percebe-se que os valores, obtidos em todos os anos, foram muito superiores àqueles definidos para aceitação da hipótese de aleatoriedade da distribuição das queimadas em relação às classes de vegetação e uso das terras. Portanto, pode-se afirmar que existe uma tendência relacionada à incidência de queimadas sobre as diferentes classes de vegetação e uso das terras.

Assumindo que 1999 foi o ano base do mapeamento e que, portanto, não houve nenhuma variação referente à dinâmica espaço-temporal do uso das terras, observou-se uma grande porcentagem de incidência de queimadas sobre a classe temática das florestas (Tabela 20), como já foi dito anteriormente. Porém, ao comparar a freqüência obtida com a freqüência esperada e observar o resultado do teste de X2 de aderência, percebe-se que quase não há diferença significativa entre os dois valores e, portanto, essa incidência maior sobre essa classe temática específica pôde ser considerada como uma conseqüência direta da sua maior superfície.

Por outro lado, a importância dos valores de incidência dos valores das porcentagens de queimadas, nas classes de agropecuária convencional e de transição em 1999, situados próximos de 7% e 15% do total de queimadas, é bastante alterada quando considerada a informação adicional proveniente dos valores de X2 individuais de cada uma delas. Ao incluir esses novos valores na análise, observou-se que essas duas classes temáticas são responsáveis pelos maiores desvios "positivos" em relação à incidência de queimadas esperada, ou seja, a classe de agropecuária convencional apresentou o maior desvio em relação à freqüência absoluta que era esperada, seguida pela classe de transição.

Em contrapartida, no ano de 1999, as áreas de cerrado apresentaram uma incidência de queimadas muito inferior à esperada, seguidas pelas áreas de outros usos (água, solo nu etc.) e agricultura mecanizada. Em relação às áreas de reflorestamento, a redução é facilmente explicada, uma vez que os processos produtivos desse tipo de atividade incluem estratégias eficientes de prevenção e combate à incidência de queimadas.

O resultado da análise de incidência de queimadas nas áreas agrícolas mecanizadas indicou que essa atividade proporciona uma redução na incidência de queimadas, superando, inclusive, aquela observada nas áreas de pecuária mecanizada e reflorestamento.

Partindo dessa análise sincrônica do ano de 1999, ano base do Mapa de Vegetação e Uso das Terras, foram desenvolvidas duas análises diacrônicas, uma regressiva e outra progressiva, para os períodos de 1995 a 1998 e 2000 a 2003, respectivamente, considerando-se a existência de uma dinâmica de uso das terras nesse período.

Os resultados globais dessas análises sugerem que o processo de expansão da fronteira agrícola ocorre com a ocupação inicial pela atividade agropecuária convencional, posteriormente, essas terras são adquiridas por pecuaristas mecanizados, detentores de recursos e tecnologias que reduzem o uso do fogo e, mais tardiamente, a substituição de parte dessas terras pela agricultura mecanizada.

A análise diacrônica anterior (1995 a 1998) definiu um padrão na constituição dos desvios que foi caracterizado por desvios positivos para as classes temáticas de transição, pecuária mecanizada e agropecuária convencional.

A ocorrência de desvios positivos de incidência de queimadas na classe pecuária mecanizada, diferentemente do ocorrido no ano de 1999, considerou a dinâmica proposta e foi explicada pelo avanço dessa atividade sobre áreas naturais e áreas de agropecuária convencional, o que fez com que os limites da pecuária mecanizada do ano de 1999 estivessem em anos anteriores sobre áreas da agropecuária convencional e de transição, que como ficou demonstrado na análise sincrônica de 1999, são as duas classes que apresentam desvios positivos mais significativos.

Uma outra constatação importante da análise diacrônica anterior foi relacionada à redução da importância dos desvios positivos da classe transição até o extremo (1995) em que seus valores inverteram o sentido e, portanto, a freqüência observada passou a ser menor do que a esperada. Isso foi explicado em função dos limites da floresta de transição, no ano de 1995, estarem "recuados" em relação aos seus limites em 1999, fazendo com que ela não expressasse valores elevados no período inicial da série.

A atividade agropecuária convencional, responsável por valores positivos em todo o período analisado, apresentou valores ainda elevados na análise diacrônica anterior, possivelmente pelo fato de estar associada à abertura de novas áreas e por levar alguns anos para consolidar novas áreas e transferí-las às atividades com maior tecnicidade que a substituem no processo proposto. Lembra-se, ainda, que o início da série histórica analisada foi o ano de 1995, onde houve uma explosão da expansão da fronteira e da ocupação dessas áreas.

Na análise diacrônica posterior (2000 a 2003), a agropecuária convencional, provavelmente por consolidar o seu ciclo de ocupação e abertura de novas áreas passou a apresentar uma redução do desvio ainda positivo da incidência de queimadas, até o ano de 2003, onde obteve valores extremamente baixos tanto de porcentagem, quanto de X2. Isso não quer dizer que a atividade agropecuária convencional modificou seu padrão tecnológico nesse período, mas sim que ela se deslocou espacialmente para as áreas mapeadas em 1999 como transição. Essa constatação foi feita através da verificação dos crescentes desvios positivos obtidos por essa classe temática, juntamente com a classe das florestas que a partir de 2002 passou a assumir valores também positivos, invertendo o padrão que vinha ocorrendo até então.

A mudança de sinal dos desvios para a classe das florestas deve estar associada ao esgotamento das áreas de transição, principal foco da ocupação do Estado do Mato Grosso até o ano 2000, e do início do avanço da fronteira agrícola sobre as áreas mais densamente florestadas.

Cabe ressaltar ainda que a atividade de agricultura mecanizada apresentou-se, nesse período de análise diacrônica posterior, juntamente com a pecuária mecanizada, como a atividade antrópica que proporcionou as maiores reduções na incidência de pontos de queimadas. Em relação à agricultura mecanizada essa constatação está relacionada ao fato de essa atividade se consolidar cada vez mais como uma atividade independente do uso das práticas de queimadas, o que já não ocorreu de forma tão incisiva com a pecuária onde até mesmo os sistemas detentores de alta tecnicidade utilizam-se das queimadas controladas em seus processos produtivos. Provavelmente, o avanço da agricultura sobre as áreas de pecuária mecanizada no período acabou resultando na expressiva redução dos valores observados para a incidência de queimadas.

O cerrado, contrariando o esperado, dada a sua erradicação e acelerada ocupação pela atividade agropecuária no período considerado, apresentou um comportamento negativo sempre muito expressivo. A presença de valores sempre negativos dos seus desvios deve estar relacionada a duas razões principais: a expansão das áreas de agricultura e pecuária sobre as áreas de cerrado pôde ser efetuada através da simples remoção da vegetação natural com uso de tratores, correntões etc. e, com isso, sua substituição por sistemas produtivos ocorreu de forma rápida e com muito menor intensidade de uso do fogo, quando comparado às áreas de transição e de florestas.

A segunda razão é que nas áreas de cerrado a agricultura e pecuária mecanizada puderam e devem ter entrado diretamente sobre as áreas de cobertura vegetal natural, restringindo a ocorrência da agropecuária convencional às áreas de transição e da Floresta Tropical Úmida, onde o processo de ocupação evolui de forma mais lenta e as queimadas ocorrem por três ou quatro anos seguidos, até a completa eliminação dos restos da vegetação derrubada.

Essa análise dos resultados da sobreposição dos pontos de queimadas com o Mapa de Vegetação e Uso das Terras mostra, claramente, que as queimadas no Estado do Mato Grosso estão relacionadas, sobretudo, ao fenômeno da expansão da fronteira agrícola, que ocorreu no período de 1995 a 2001, principalmente sobre áreas de floresta de transição e em 2002 e 2003 passou a ocorrer também sobre áreas de floresta mais densa.

Do ponto de vista de Uso das Terras, a análise mostra claramente que as queimadas estão primordialmente relacionadas à atividade agropecuária convencional, que mantém até os dias de hoje, em várias etapas dos seus processos produtivos, o uso do fogo como uma ferramenta essencial. O fato de a atividade pecuária, mesmo a mecanizada estar mais fortemente associada e, em muitos casos, concorrer com o processo de expansão da fronteira, também deve ter contribuído para os desvios positivos encontrados na análise diacrônica anterior.


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